quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O Êxtase de Santa Tereza

Essa é uma escultura de Bernini, que está na Igreja de Santa Maria della Vittoria, em Roma.  É inspirada no seguinte texto da autobiografia de Santa Tereza (Capítulo 29).  Cada um pense o que quiser...

Quis o Senhor que eu tivesse algumas vezes esta visão: eu via um anjo perto de mim, do lado esquerdo, em forma corporal, o que só acontece raramente. Muitas vezes me aparecem anjos, mas só os vejo na visão passada de que falei. O Senhor quis que eu o visse assim: não era grande, mas pequeno, e muito formoso, com um rosto tão resplandecente que parecia um dos anjos muito elevados que se abrasam. Deve ser dos que chamam querubins, já que não me dizem os nomes, mas bem vejo que no céu há tanta diferença entre os anjos que eu não os saberia distinguir.

Vi que trazia nas mãos um comprido dardo de ouro, em cuja ponta de ferro julguei que havia um pouco de fogo. Eu tinha a impressão de que ele me perfurava o coração com o dardo algumas vezes, atingindo-me as entranhas. Quando o tirava, parecia-me que as entranhas eram retiradas, e eu ficava toda abrasada num imenso amor de Deus. A dor era tão grande que eu soltava gemidos, e era tão excessiva a suavidade produzida por essa dor imensa que a alma não desejava que tivesse fim nem se contentava senão com a presença de Deus. Não se trata de dor corporal; é espiritual, se bem que o corpo também participe, às vezes muito. É um contato tão suave entre a alma e Deus que suplico à Sua bondade que dê essa experiência a quem pensar que minto.

Nos dias em que isso acontecia, eu ficava como que abobada; não queria ver nem falar com pessoa alguma, mas ficar abraçada ao meu sofrimento, que era para mim uma glória maior do que todas as das coisas criadas.

Isso me acontecia algumas vezes quando o Senhor desejava que me viessem esses arroubos tão grandes, e eu, mesmo estando entre pessoas, não podia resistir a eles. Para meu pesar, isso começou a ser divulgado. Desde que os tenho, não sinto tanto esse tormento, mas apenas a dor de que falei antes, não me lembro onde, que é muito diferente em muitas coisas e de maior valor. Quando começa esta dor de que falo agora, parece que o Senhor arrebata a alma e a leva ao êxtase, não havendo como ter mágoa ou padecer, porque o deleite logo vem.

Bendito seja para sempre Aquele que tantas graças concede a quem tão mal corresponde a tão grandes benefícios.



 

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